25 dezembro 2012

Bem haja, Baptista da Silva!


No seguimento do amadorismo que permite que, numa era de globalização e de informação vertiginosa, mas tendenciosa, ainda haja gente que consegue valer-se dessa característica típica dos órgãos de comunicação social de “referência”, para proferir uns quantos dislates genéricos e que caiem bem na acefalia, Nicolau Santos, director-adjunto do espesso semanário que se publica ao sábado (que não leio, como já expliquei), e que, por isso, deveria ter os cuidados inerentes à função, foi na conveniência, como socrático que é, e esventrou (intelectualmente) os leitores, por ser desleixado, emprenhar de ouvido e, consequente e levianamente, não confirmar o curriculum do "ilustre economista" Baptista da Silva, mas, mesmo assim, invectivando o Governo, com a indignação que só os "sábios" possuem, por este desconhecer o último guru por si descoberto. Como tal, e por tal, deveria demitir-se e ir até Paris acompanhar os estudos do seu outro guru. Mas, claro, essas coisas são para os outros... os que não são republicanamente éticos.

Dito isto, para mim, porque pessimista, e tal a evidência do ridículo, o episódio por si só não mereceria comentários. Mas o histerismo auto-censuratório que se espalhou pelos “éticos”, blogues, jornais e canal de televisão, que agora ora apagam as postas publicadas, ora se desdobram em explicações mais ou menos estapafúrdias, merece o repúdio público. É o que dá investigar pouco e espalhar palavra sobre o que se percebe menos. Por outro lado, coisa que os mais atentos constataram há muito tempo, do episódio resulta patente que em Portugal o jornalismo é mínguo. Há poucos jornalistas e muitas “caixas de ressonância”, engrenadamente oleadas para fins que não coincidem com o seu dever fundamental e, muito menos, com o interesse geral. Aliás, e a não ser que se goste de estorietas de faca e alguidar, não será temerário afirmar-se que quem quiser as melhores informações sobre Portugal deverá ler os jornais estrangeiros. São cristalinos e dedicam-se ao essencial, mesmo aqueles que proclamam sem rebuço a sua orientação política, coisa que, por cá, é subrepticiamente resguardada num qualquer estatuto editorial de conveniência.

É isto novidade para qualquer um de nós? Claro que não! O problema é que ninguém o quer afirmar, sobretudo os políticos Moulinex. E, no entanto, deveriam ser os primeiros a fazê-lo: ajudariam a credibilizar, separando o trigo do joio. E, a longo prazo, devolveriam o público aos “órgãos de comunicação social”. Assim, limitam-se a alimentar o banho-maria que vai cozinhando a sua extinção, qualquer que seja a sua natureza, sobretudo em tempos como estes - de crise.

Daí que seja politicamente horripilante a proposta (pelos vistos, amplamente consensual no hemiciclo, até para quem deveria acalmar o ímpeto mediático do petitório) do novel deputado José Andrade para salvar a imprensa regional privada: dar-lhe “pluralidade” através de subsídios estatais. Extraordinária contradição, extraordinária profissão de fé: o contribuinte paga, o deputado sorri, esperando ambos credulamente que o beneficiário do rendimento mínimo retribua afincadamente sob o labor da isenção e imparcialidade e, porque não ?!, da investigação.
Ainda que de pouco valha, tal a varredura do esquecimento, benditos sejam os Baptistas da Silva que emperram esta perfeição!


5 comentários:

menvp disse...

MEGA-BURLÕES:
- mega-burlões que controlam a comunicação social... procuram 'mil' vozes... com o objectivo de repetir mil vezes uma mentira... até ela se tornar uma "verdade".
[nota: mega-burlões descuidaram-se: uma das suas mil vozes foi apanhada - o burlão Artur Baptista da Silva]
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Anexo:
PRECISAMOS DE TODOS
-> Não precisamos de lamentações sistemáticas... precisamos é de bons mecanismos de controlo... e precisamos que todos os contribuintes estejam atentos.
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Explicando melhor:
- Anda por aí muita CONVERSA DE CONTRIBUINTE PAROLO que ainda não aprendeu com séculos e séculos de história: o conceito de «político governante» pressupõe um sistema muito permeável a lobbys... e aquilo que importa mesmo... é um sistema menos permeável a lobbys...
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-> Por um sistema menos permeável a lobbys... temos de pensar, não em «políticos governantes»... mas sim... em «políticos gestores públicos» que fazem uma gestão transparente para/perante cidadãos atentos... leia-se, temos de pensar em bons mecanismos de controlo... um exemplo: blog "fim-da-cidadania-infantil".
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Uma Obs:
-> Montes de estudos sobre 'maravilhosas' privatizações de empresas estratégicas (ex: GALP... resultado: consumidor a ser roubado a torto e a direito)... montes de estudos sobre o BPN, SCUTs, OTAs, TGVs e afins... tudo com o mesmo objectivo: SACAR DINHEIRO AO CONTRIBUINTE!

Anónimo disse...

Gonçalves,

shut. Os melros nao falam...

good churrasco ó auto de café.... disse...

nã lê?
é por causa de gente que nã lê jornaes que a lusa anda a mendigar 32 milhões de vez en quando

Reaça disse...

Os jornalistas portugueses deixaram de ser "refinados" e "burilados" e passaram a ser a "granel", quando o poder caíu na rua:

Ou seja, quando acabou a censura.

A censura seleccionava os bons e inteligentes jornalistas.

Anónimo disse...

Caro Gonçalves

Ainda bem que pegou no tema. Acho vergonhoso que um deputado se preocupe com jornais numa epoca de crise para as familias. Lanço aqui o desafio ao senhor Jose Andrade de cumprir o que o program eleitoral do PSD tinha e que era o de diminuir o vencimento dos deputados em 25%. O senhor Jose Andrade deverá cumprir isso e em vez de ser mecenas com o dinheiro dos outros que retire do vencimento dele que é pago por nós todos e ajude o jornal que bem quiser.